24 de jun. de 2015

Dia 13: Mil Vezes Boa Noite (22 de março)

Em determinado momento de MIl Vezes Boa Noite (Tusen Ganger God Natt), a personagem de Juliette Binoche, Rebbeca, tenta explicar para sua filha adolescente sua necessidade de trabalhar como fotógrafa de áreas de guerra e conflito. Ela diz que possuía uma raiva tão forte quando mais jovem que tudo o que ela desejava e ainda deseja é que as pessoas engasguem com os seus cafés de manhã ao verem suas fotos no jornal. Para mim, alguns cineastas fazem exatamente isso. 

Eu quebrei em mil pedaços enquanto assistia do filme do diretor norueguês Erik Poppe. E acho que o amor move artistas como ele tanto quanto a raiva.  

Imagens e sons e música contam a história de como a humanidade lida com suas questões de uma forma que é difícil de explicar em palavras. A delicadeza e a força que um fotógrafo precisa em suas imagens, o cineasta em Mil Noites explora em cada tomada.  Cada imagem carrega em si a história de uma mulher dividida entre duas partes de sua vida, de um modo muito específico para as mulheres em torno do mundo. Não tenho certeza se a culpa inerente ao feminino é somente cultural, ou se uma particularidade da sua natureza. A vida de uma mulher é composta de amor, culpa e desejos por aparentemente coisas contraditórias.  

Não se trata de uma ambiguidade simplista, e a interpretação notável de Juliette Binoche apresenta muitas das nuances que fazem parte da vida da sua personagem. Não há certo ou errado aqui. Em alguns momentos, eu fiquei de fato enfurecida com o marido de Rebecca, mas logo eu imaginava como deveria ser enlouquecedor amar uma pessoa cuja vida se encontra em risco constante, especialmente se os dois dividem o parentesco de duas filhas. 

Vastas paisagens na Irlanda em contraste com os desertos arenosos situam também a ambivalência que Rebecca vivencia. São cenários que se chocam, contando de diferentes necessidades na vida. Necessidades que, apesar de aparentemente inadequadas, convivem dentro do mesmo coração de uma mulher. 


Duas imagens contrastantes, uma vida

Mil Vezes Boa Noite (Tusen Ganger God Natt). Dirigido por by Erik 
Poppe. Com: Juliette Binoche, Nikolaj Coster-Waldau (Vou pedir
desculpas para me permitir um suspiro aqui... mesmo que 
estejamos a falar de Jamie Lannister...), Maria Doyle Kennedy. 
Roteiro: Erik Poppe, Harald Rosenlow-Eeg. Noruega/Irlanda
Suécia, 2013, 117 min., Dolby Digital, Color (DVD).




PS: A primeira vez em que eu morri um pouco em um filme com Julliete Binoche foi em A Insustentável Levez do Ser (The Unbearable Lightness of Being), em 1988. Ao deixar a sala de cinema no banco de traz do carro de amgios, eu não conseguia falar, tamanho era o nó na minha gargantas. Depois disse, foi raro não me encantar com suas performances, mesmo que em filmes não tão impactantes, o que acabou não sendo raro, na verdade. Ela sabe o que está fazendo, e tem crescido como atriz em seus papéis variados. Mais recentemente, antes de Mil Vezes, eu a vi em Acima das Nuvens (Clouds of Sils Maria), filme que o diretor Oliver Assayas disse ter sido dedicado à carreira da atriz. 





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