28 de jun. de 2015

Dia 28: I-Origins (6 de abril)

Há uma nova regra na minha casa neste ano: se você está visitando ou ficando aqui, provavelmente terá de assistir a um filme comigo. Assim aconteceu no dia 28. Durante o chá com duas de minhas sobrinhas mais amigas, eu apresentei duas opções: ou elas ficavam à mesa conversando entre si, ou me acompanhavam no filme do dia.  

Escolhida a última opção, nós depois comentamos como foi bom assistirmos ao filme juntas. I-Origins. Dirigido por Mike Cahill, do maravilhoso filme do dia 1 neste desafio, A Outra Terra, minhas expectativas eram grandes - um elemento, como já dito aqui, que se mostra uma boa companhia durante um filme. 

I-Origins prendeu minha atenção, eu o achei inteligente e emocionante, mas não balançou meu mundo como A Outra Terra. Li um comentário no imdb.com segundo o qual o filme é "super incrível" e que "I origins oferece uma das melhores explicações possíveis para a conexão entre as pessoas no complexo e ainda assim simples mundo em que vivemos..." 

Não estou muito certa, mas tenho a impressão de que, por já possuir uma forte crença durante toda a minha vida nesse sentido, o "elemento de conexão" apresentado pelo filme não foi uma impactante surpresa para mim. Alguns outros filmes me maravilharam mais no que diz respeito a essa conexão - A Fraternidade é Vermelha (1994) por exemplo. 

O que realmente me segurou no filme foi a luta que os protagonista estabelece com suas próprias crenças. No ambiente acadêmico, podemos ver como a racionalidade ainda é considerada um "modo seguro" de garantir o controle sobre ideias erráticas ou a ambivalência do mundo. Trata-se, assim, de uma concepção fadada ao fracasso desde o início, pois nada pode tornar o mundo uma imagem do nosso desejo por ordem e certeza. Por isso, para mim, os melhores pesquisadores e pensadores são aqueles que assumem a contradição e a ambivalência como princípio essencial e como método de estudo (O mais amado e admirável deles para mim é o filósofo alemão Walter Benjamin).

Um professor uma vez me disse que todas as ideias que visam um estreito controle sobre a realidade, apresentada por alguns pesquisadores, é uma forma de fundamentalmente evitar a morte. Acho que ele não poderia ter se expressado melhor, numa alusão que se refere ao personagem principal de Cahill neste filme. 

I-Origins é interessante e até mesmo muito querido em suas tentativas de debater uma confusão que é constante para a humanidade. Cahill conta a sua história por meio de um bom roteiro, imagens maravilhosamente lindas, como sempre, e atuações comoventes e de cortar o coração. 

Ao final, uma discussão tomou conta de nossa pequena audiência, com o acréscimo do namorado da Mari, que já havia assistido ao filmes e que havia chegado quase no fim. De acordo com ele, nosso debate era só um mimimimimimmimimi sem sentido. Talvez. Mas foi também o reflexo de como o filme nos comoveu e levou a vários pensamentos, discussões, reflexões sobre a vida, sobre questões humanas, o que seria ou deveria ser na vida... tudo sem a necessidade de um certo ou errado, contrariamente ao que ocorre nas tentativas cient´ficas de explicar a vida e a humanidade. 



I-Origins. Dirigido e escrito por Mike Cahill. Com: Michael Pitt, Steven Yeun,
Brit Marling. EUA, 2014, 106 min., Dolby, Color (DVD). 

PS: Há um comentário curioso no quadro de mensagens do imdb.com, um que me fez sorrir de verdade. A  trivia sobre o filme é legal, também, escrita por alguém que realmente se fixou nas ideias do filme. 

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