16 de jun. de 2015

Dia 6 :Amantes Eternos (15 de março)

"Sangue fresco, baby!"

Neste mundo cruel, frio e injusto dispomos de poucas certeza. Amor. Compaixão. Amizade. Honestidade. Arte. Ou, pensando melhor, não há certeza em nada. Mas, seja como for, algumas pessoas carregam consigo essas (in)certezas. Jim Jarmusch é, sem sombra de dúvida, um desses indivíduos genais. 

No meio de tantas imagens, musicas, histórias, torna-se comum o esquecimento. Mas eu realmente não consigo entender alguns esquecimentos que me acometem. Eternos Amantes (Only Lovers Left Alive) é um desses esquecimentos imperdoáveis, e uma foto do filme na internet me lembrou do que eu não deveria ter esquecido: uma história de amor entre vampiros dirigida pelo incrível Jim Jarmusch.

E então novamente um filme me escolheu, e Eternos Amantes veio fazer parte deste desafio de forma muito especial. Depois de assistir a ele, eu desliguei a TV, fui me deitar, li as últimas páginas do livro mais recente de Murakami, O Incolor Tsukuro Tazaki e seus Anos de Peregrinação, e busquei o esquecimento na esperança de sonhos bizarros.  Se eu houvesse escrito este post logo após ver o filme, ele não seria nada mais que profundos suspeitos de felicidade e êxtase. 

Não que ele esteja muito diferente disso agora. 

Preciso dizer mais? Ok. As cenas são esculpidas a mão, como uma escultura. Tilda Swinton e Tom Hiddleston são realmente vampiros e um casal - não há outra explicação para a sua perfeição neste filme. A história não se leva radicalmente a sério, mas é mortalmente poderosa por isso mesmo. O humor é afiado. Há um comprometimento feroz com o amor.  Mia Wasikowska (Olá de novo!) e John Hurt também são vampiros reais. A direção de arte é felicidade suprema. Música e livros compõem esses personagens... Então, puro êxtase, como disse antes. 

Passei todo o domingo numa bolha de ansiedade - eu havia decidido assistir ao filme à noite (vampiro de dia não), e eu mal podia esperar para vê-lo. Peguei um pint de Guinness (Foi mal, Jim, aqueles dois atores britânicos tiveram preferência), desliguei todas as luzes da casa, coloquei o telefone no silencioso, e me dispus de coração e alma diante da tela. E exceto pela última cena (sempre há um mas...), eu acho que foi uma boa decisão me preparar tanto para ver um filme tão F(&)&*%*$($ perfeito para mim. 

A profanidade da linguagem acima não foi em vão, I promise you, my friend. 

http://onemovieadaywithamelie.blogspot.com.br/2015/03/day-six-march-15.html





Amantes Eternos (Only Lovers Left Alive)Dirigido e escrito por 
Jim Jarmusch.  Com Tilda Swinton, Tom Hiddleston, John Hurt, 
Mia Wasikowska. EUA/Alemanha/Grécia/Ciprus, 2013, 123 min.,
SDDS/DTS/Dolby Digital, Color (DVD). 



PS: Eu não sei como, mas eu coloquei  Jim Jarmuch e seu Daunbailó (Dawn by Law1986) competindo juntamente com Steve Soderbergh e Sexo, Mentiras e Videotape (Sex, Lies and Videotapes1989) em Cannes. Eu somente vi que assim não ocorreu ao pesquisar sobre os dois filmes agora. Mas ambos diretores, com esses dois filmes especificamente, chamaram a minha atenção na mesma época - pelo menos na minha cabeça. A partir desse momento, eu procurei acompanhar suas carreiras. Soderbergh caiu um pouco no meu interesse em alguns aspectos, mas eu ainda gosto muito de seus filmes. Este post scriptum, contudo, visa principalmente agradecer Jarmusch por ter me apresentado a Screamin'Jay Hawkins nesta cena de Estranhos no Paraíso (Stranger than Paradise1984):






PPS: Para ser justo e dar nome aos devidos bois, "This is not a taxi, I promise you, my friend" sempre vem à minha cabeça em determinadas situações - como a conclusão deste post, por exemplo. A frase foi dita por Michael Cera no fofíssimo  Nick and Norah's Infinite Playlist (2008). 

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