18 de jul. de 2015

Day 104: A Marca da Maldade (21 de junho)

Um fim de semana com cineastas incríveis. 

Estudei a respeito de A Marca da Verdade (Touch of Evil), de Orson Welles, em uma turma de história do cinema há quase oito anos. O professor, claro, nos mostrou a famosa primeira cena do filme, uma sequência sem cortes. É absolutamente genial, e assim eu esperava um igualmente notável filme. 

E de fato foi, em muitos aspectos, exceto quanto à história em si - uma importante parte do filme para mim. Escolhas errôneas de elenco (E isso ao meu referir a atores notáveis como Charlston Helston e Marlene Dietrich here), uma mão excessivamente pesada na direção, uma narrativa confusa... Eu sei que sou voz vencida aqui. François Truffaut e Jean-Luc Goddard eram muito elogiosos quando se referiam a esse filme. Todos são, na verdade. Mas eu não consegui me identificar com nada ali para além da espetacular fotografia. Os quadros são insanos de tão bons, lindamente orquestrados, especialmente se considerarmos a sua época - uma marca de Welles de fato. Mas o resto não acompanhou a genialidade dos enquadramentos, como eu pensei que ocorreria. 

Eu gosto muito dos chamados filme noir, mas esse foi dramático demais para mim. A ironia, a elegância no modo de construir as cenas, as inúmeras sutilezas presentes nesse tipo de produção estão ausentes aqui. Há um contínuo senso de que algo está muito errado durante todo o filme, e eu não conseguia me livrar dessa sensação. 

Outro elemento aqui é a controvérsia que fez parte de todas as etapas de desenvolvimento do filme, especialmente na pós-produção, quando Welles foi demitido, novas cenas foram filmadas, de modo que a edição final não casava com a visão de Welles. O diretor, então, escreveu um manifesto de 52 páginas à Universal a fim de manter suas ideias, mas sem resultados favoráveis a ele. A versão que eu vi hoje começa com um esclarecimento por escrito na tela, explicando que a essa cópia remasterizada de 1998 é uma tentativa de concretizar a visão de Orson Welles. 

No entanto, não estou muito segura dessa versão. Uma sensação de desconforto me acompanhou durante todo o filme. Eu penso que ele foi muito ambicioso na verdade. Mas, ao mesmo tempo, se um cineasta do calibre de Welles não pode ser ambicioso, quem mais seria? 


http://onemovieadaywithamelie.blogspot.com.br/2015/06/day-104-touch-of-evil-restored-version.html

O timing dessa cena é incrivelmente bom.
A Marca da Maldade (Touch of Evil)Dirigido e escrito por Orson Welles, 
a partir do livro  Badge of Evil, de Whit Marterson. Com: Chalston Helston, 
Janet Leigh, Orson Welles. EUA, 1958 (1998), 150 min., Mono, P&B (DVD).

PS: Só para deixá-lo a par desse importante acontecimento, estou a 30 min. do início da nova temporada de True Detective. We get the world we deserve...

PPS: Fragmento: True Detective, temporada 2, episódio 1; La Belle et la Bête, 2014. 




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