3 de jul. de 2015

Dia 45: Aurora (23 de abril)

Eu participei de um curso da história do cinema há uns anos, por três meses. Foi uma experiência importante e muito legal para mim, e alguns dos filmes neste desafio foram indicações feitas ainda nessa época, quando o professor os discutiu em sala de aula. 

O DVD de Aurora (Sunrise: A Song of Two Humans) mora no meu baú de filme há anos, e finalmente eu cheguei a ele hoje. Eu lembrei algumas das palavras do professor sobre essa produção de 1927 dirigida por F.W. Murnau: a forma pioneira de mesclar imagens, o uso de som numa época em que filmes sonoros ainda eram uma grande novidade, e, principalmente, o uso de luz e sombras no cinema para contar uma história. 

História que, aliás, é terrivelmente moralista, como muitas das narrativas dos primeiros anos do cinema. Eu compreendi melhor, então, porque alguns dos movimentos cinematográficos tanto da época como posteriormente defendiam um cinema não narrativo. No início, observando como "A Mulher da Cidade" (o nome da personagem) tenta seduzir "O Homem" (outro personagem) de modo a convencê-lo a matar a esposa, eu cheguei a pensar: essa mulher perversa e decadente é horrível, por que ela está fazendo isso? Espera um pouco... O QUÊ??? Esse é o efeito de um conto moralista dessa natureza. Eu me detestei por cair em tal armadilha. E acabei por desprezar o filme desde o começo por essa mesma razão, mas mesmo assim persisti até o fim. 

O filme é inconstante e inconsistente, indo de um início mais obscuro, para acontecimentos engraçados e esfuziantes no meio (o porco bêbado é bom demais, no entanto, mas é uma cena que choca com o enredo pesado do filme, sem complementá-lo), até chegar a um final exageradamente emocional e melodramático.  

Ainda assim, as imagens compensaram a estrutura narrativa irregular, deixando claro porque Murnau é um forte nome entre os cineastas ainda hoje. Mas o seu Nosferatu, de1922, é para mim a referência mais impactante desse, e o modo como prefiro lembrar dele, sempre. 

http://onemovieadaywithamelie.blogspot.com/2015/04/day-forty-five-april-23.html

Aurota (Sunrise: A Song of Two Humans)Dirigido por F.W. Murnau. Com:
George O'Brien, Janet Gaynor, Margaret Livingston. Roteiro: Carlos Mayer
 et al.EUA, 1927, 94 min., Silent/Mono, P&B (DVD).

PS: Fragmento: Um Bom Partido (Playing for Keeps2012), bobo demais para seu próprio bem. 

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