6 de jul. de 2015

Dia 59: Os Amantes do Círculo Polar (7 de maio)

Eu assisti a Os amantes do Círculo Polar (Los Amantes del Circulo Polar) há alguns anos, num cinema pequeno. Havia apenas algumas pessoas na sessão. O sentimento de solidão se tornou maior durante o filme, assim como o encantamento com a história que parecia um pouco cafona de início. 

Por um bom tempo, esse é um dos meus filmes favoritos na vida. No entanto, apesar da lembrança vívida do sentimento arrasador que carreguei comigo ao sair do cinema, eu não conseguia lembrar detalhes da história. Então eu decidi estar com ela novamente. 

Preciso dizer que às vezes é melhor ficar no passado, com a lembrança. 

O filme com certeza ainda é de extrema beleza. A história e os personagens são tecidos de forma delicada. O que nos conecta no mundo, as pessoas que nos conectam ao mundo, destino, livre arbítrio, os pequenos sinais que a vida nos apresenta... tudo está ali, lindamente retratado na história de dois palíndromos, Ana e Otto. Como a vida, o nome dos dois é lido em círculos. Suas vidas são círculos, mesmo que incompleto - como Otto nos conta de início. Esse filme é infinito como a vida em si, e eu pude confirmar essa primeira impressão. 

Mas e o ponto sobre algo ficar no passado? Bom, o que senti com esse filme há anos não estava comigo neste dia, claro. Como na vida, nós às vezes tentamos capturar sentimentos e sentidos do passado. Em algumas ocasiões, uma forte impressão de dejá vu está presente. Mas em outras, o sentimento é diferente, e nós podemos lamentar o que não podemos reviver. Não deveríamos, no entanto. Apesar de diferente, Os Amantes do Círculo Polar me trouxe novas percepções, somando ao encantamento que ainda está comigo, se eu acesso aquela exibição de anos atrás. 

Durante o filme, eu pensei sobre os vários sinais presentes na minha vida. Os lugares que me atraem, como o Círculo Polar é para Ana e Otto. As coisas que parecem me levar para determinada direção... detalhes que não significam nada até que eles mostram a que vieram. Como eu disse, um filme infinito como a vida, com diversas possibilidades - e agora eu tenho duas, a de outrora e a de agora. 






Os Amantes do Círculo Polar (Los Amantes del Circulo Polar). Dirigido e 
escrito por Julio Medem. ComNajwa Nimri, Fele Martinez, Nancho Novo.
Espanha/França,  1998, 104 min., Color (DVD). 

PS: Não tenho certeza de qual veio primeiro, Os Amantes do Círculo Polar ou Lucía e o Sexo (Lucía y el Sexo, 2001), mas o fato e que eu me  apaixonei por Julio Meden. Ele consegue retratar a vida de forma mágica e ainda assim bastante acurada. E ele fala sobre amor e sexo com uma honestidade que é linda de ver no cinema - Bernardo Bertolucci faz o mesmo, eu acho. Esses dois filmes foram tão perfeitos para mim que eu receio ver suas outras produções. Uma bobagem, eu sei, mas às vezes é assim comigo, na velha tentativa de não perder o encantamento.  

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