8 de jul. de 2015

Dia 63: Lemon Tree (11 de maio)

Lemon Tree ´também fez parte da minha lista de filme a assistir por um bom tempo, quase sete anos, desde que estreou nos cinemas. Como muitas produções israelenses sobre o conflito entre Israel e Palestina (uma das minhas temáticas favoritas no cinema, como já disse antes), esta também apresenta várias camadas de discussão - algumas mais óbvias, outras mas sutis. Eu gostaria de me referia a duas delas aqui. 

Em Separados pelo Casamento (The Break-Up), uma produção norte-americana de 2006 com Jennifer Aniston e Vince Vaughn, há uma cena de que lembro em situações diversas. Um dos grandes problemas em viverem juntos é que o personagem de Vaughn tinha o grande desejo de colocar uma mesa de bilhar na sala, enquanto a de Aniston reagia dizendo que não havia espaço suficiente. Bom, quando os dois se separam e estão prestes a deixar o apartamento, agora vazio, ela afirma que de fato seria possível uma mesa de bilhar ali. Por que ela insistiu no oposto por tanto tempo é um dos motivos pelos quais o casal não conseguir permanecer junto. Naquele momento, o que parecia uma disputa tão série não importava mais. 

Esse exemplo numa esfera menor pode se relacionar o cenário maior do conflito separatista entre Israel e Palestina, especialmente no caso de Lemon Tree. A disputa desigual em torno de uma plantação de limões chama muito a atenção dos dois lados envolvidos no conflito, em diferentes instâncias, e serve a diferentes propósitos, exceto o que realmente importa - a viúva palestina que tenta manter sua herança e sua história intactas. Por que o limoeiro tem de ser derrubado já reflete uma luta de poderes de tal forma que seu propósito inicial se perde em meio a tantos interesses envolvidos. No final das contas, todas as perdas e disputas e dor acabam sendo por nada. Absolutamente nada. Esse poderia ser um resumo da maioria das guerras e conflitos políticos.  

O segundo aspecto a destacar é a presença, no filme, de duas mulheres amarradas ao mundo dos homens. De diferentes lados da cerca, com vidas até mesmo contrastantes - uma vive em conforto, a outra tem uma vida bastante simples. uma se veste bem e educação universitária, a outra se veste de acordo com sua religião... e assim por diante -, ambas se encontram na mesma injusta e inferior situação, em casa e socialmente, sem contarem com o apoio real dos homens ao seu redor. A sua percepção de como são semelhantes é um dos pontos mais fortes do filme, e um dos  mais tristes,  lado a lado com a visão de que toda a disputa e perda ocorreram por nada. Claro, houve, no conflito, uma oportunidade de se conscientizarem a respeito da própria situação, como costuma ocorrer em tempos de crise. Mas e toda a perda, para quê? Absolutamente nada, como atestou o muro gigante separando as duas partes por fim.  

Um filme incrível, que me deixou com o coração apertado por um bom tempo. 

http://onemovieadaywithamelie.blogspot.com/2015/05/day-sixty-three-lemon-tree-may-11.html




Lemon Tree (Etz Limon). Dirigido por Eran Riklis. Com: Hiam Abbass,
Rona Lipaz-Michael, Ali Suliman. Roteiro: Suha Arraf; Eran Riklis.
Israel/Alemanha/França, 2008, 106 min., Dolby Digital, Color (DVD).


PS: A fotografia em Lemon Tree é maravilhosa, um personagem em si só. Os detalhes são tão comoventes como a história. 

PPS: Para assistir a esse filme, estreei a minha nova rede :) 




PPPS: Grace and Frankie temporada 1, episódio 2: ainda boa e mais interessante, mesmo se estereotiado às vezes. 

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