11 de jul. de 2015

Dia 78: Um Pombo Pousou num Galho Refletindo sobre a Existência (26 de maio)

Quanto, à noite, eu me vi com febre e dor de garganta, eu percebi que uma gripe havia chegado para valer. Mas, no início da tarde, enquanto assistia a Um Pombo Pousou num Galho Refletindo sobre a Existência (A Pigeon Sat on a Branch Reflecting on Existence), do sueco Roy Andersson, eu não conseguia entender por que eu estava tão sonolenta e até mesmo um pouco tonta.  

Durante o filme, eu cochilei por cinco ou seis vezes. Em cada uma delas, eu comecei a sonhar sobre o filme diante de mim, mudando a história das diferentes histórias (o filme é compostos de vários esquetes). Toda vez em que abria meus olhos, no entanto, a mesma cena se desenrolava, e o tempo não parecia se mover muito. Já por isso é possível perceber que o filme não tem um ritmo muito dinâmico. 

O que não é um problema para mim, na verdade, tanto na vida quanto no mundo diegético de uma narrativa. Silêncio e ritmo calmo como uma forma de contar uma história pode levar a algumas obras primas no cinema. E, no começo desse filme, eu pensei que se tratava de uma daquelas histórias incrivelmente concebidas no silêncio. A tola burocracia que não se detém diante de nada, mesmo da morte; como a vida desvanece em segundo; amor não correspondido e mágoa; falência constante; violência contra a pessoas; a aristocracia e seus modos desiguais; culpa, dor, perda... A história da humanidade está ali, em fragmentos unidos por alguns personagens. No entanto, por conta do meu mal estar ou pelo filme em si, tudo foi por água abaixo logo no início do filme. 

Não tenho certeza, mas penso que provavelmente o pombo foi o responsável pelo roteiro. Enquanto observava os humanos à distância, procurando pela próxima migalha de pão, ele era capaz de contar com exatidão o que via, mas não era realmente capaz de se identificar com o que via. O que é compreensível, afinal. Não posso julgar o pombo por isso. 

Se ao menos se tratasse de um pombo. 

Os esquetes no filme são bastante simbólicos da jornada da raça humana na terra. Alguns de seus aspectos são representados de forma que eu consideraria revolucionária e ácida. Alguns espectadores sustentam que o filme alcançou essa geniosidade, mas não a meu ver, infelizmente. Não foi uma surpresa ouvir inúmeros passos em direção à saída do cinema (que é uma sala pequena e uma pocilga, em que é possível ouvir cada pequeno movimento). Tudo no filme nos tira o conforto - e essa é uma característica que eu admiro. Mas, ainda assim, o modo como apresentado não era para mim. 

Uma curiosidade: Roy Andersson também dirigiu  En Kärlekshistoria, filme de quatro dias atrás. 

http://onemovieadaywithamelie.blogspot.com/2015/05/day-seventy-eight-pigeon-sat-on-branch.html

Droga... eu perdi essa cena enquanto dormia....
Um Pombo Pousou num Galho Refletindo sobre a Existência  (En Duva Satt pá en Gren
Och Funderade pá Tillvaron
). Dirigido e escrito por Roy Andersson. Com:
Holger Andersson, Nils Westblom, Viktor Gillenberg. Suécia/Alemanha/Noruega/
França, 2014, 101 min., Color (Cinema).


PS: Não sei se estou mascarando os fatos, mas lembro de haver cochilado no cinema apenas em três oportunidades durante a minha carreira de 35 anos como espectadora de cinema. A primeira foi em Star Wars: Episódio I - A Ameaça Fantasma, 1999, durante a cena de perseguição mais entediante da história do cinema. Eu fiquei realmente surpresa, porém. Aquilo nunca havia acontecido comigo antes. A próxima ocasiou foi no ano passado, numa maratona Hobbit no cinema. Depois do almoço, numa cadeira espaçosa, eu dormi profundamente por meia hora durante a visita a Rivendell em O Hobbit: Uma Jornada Inesperada, 2012. Esse é o meu filme favorito na trilogia, mas eu aproveitei muto meu cochilo. A terceira vez foi ontem. Não gosto de dormir no cinema, e geralmente não cochilo nem em frente à TV, mas às vezes é realmente inevitável.  

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