11 de set. de 2015

Dia 133: O Substituto (20 de julho)

"Whatever is on my mind, I say it as I fell it, I'm truthful to myself: I'm young and I'm old, I've been bought and I've been sold, so many times. I am hard-faced, I am gone. I am just like you".
"Eu digo o que eu penso, seja o que for; sou fiel a mim mesmo: sou jovem e sou velho; Eu tenho comprado e fui vendido por muitas vezes. Minha expressão é dura, eu era. Eu sou exatamente como você."


O Substituto (Detachment) me levou a um profundo e arrasador sentimento de perda e luto. Nós deveríamos contar o tempo nesse filme pelos segundos, não minutos, pois cada um deles explode com a triste certeza de que o nosso melhor, apesar de às vezes não importar muito, é o que na verdade faz a diferença. Para quem, eu não tenho a mínima ideia. Mas se trata da única forma de ser. Não importam as circunstâncias, o fundamental é ser verdadeiro consigo mesmo. Não há outro caminho.

No começo do filme, há alguns testemunhos sobre o que significa ser professor. Como a profissão foi uma melhor opção a um emprego como motorista. Como acabou por ser a única e inevitável opção. Como é importante fazer a diferença. E aqui retornamos à pergunta sempre presente: para quem? Fazer diferença para quem. Não creio que esse seja o objetivo do protagonista aqui, como li em alguns comentários a respeito. Sua única opção na vida é ser fiel e verdadeiro consigo mesmo, o que acaba por se mostrar uma benção e uma maldição que ele carrega todos os dias, a cada instante da sua vida. Ele não possui outra alternativa. E assim ele vive seus dias sob as marteladas constantes causadas pela sua atenção e cuidado com o que está ao seu redor.  E, como eu disse, não há outra opção na vida. 

Henry, o protagonista, diz em determinado ponto: "Nós temos uma imensa responsabilidade em guiar nossos jovens para que eles não desmoronem, não caiam no esquecimento, tornando-se insignificantes". E essa foi a razão para o meu estarrecimento durante todo o filme, porque nem sempre conseguimos alcançar esse intento. No contexto de uma escola sucateada, o que importa na vida é debatido no cenário arrasador do sistema educacional atual e suas tentativas de fazer sentido, com indivíduos ficando cada vez mais perdidos no meio disso tudo. Não há fórmula para ser uma boa pessoa, um bom professor, senão, talvez, importar-se de verdade, o tipo de atenção e cuidado que advém de estarmos atentos a nós mesmos, aos outros e ao que está ao nosso redor. Importar-se de verdade. Assim, voltou ao início: não há outra opção na vida a não ser honesto consigo mesmo, de forma a possibilitar esse cuidado e atenção, mesmo que seja dolorido e difícil chegar a essa percepção. 

Por mim, mas não menos importante aqui, o elenco genial faz a força dessa história nesse filme a meu ver obrigatório (de verdade, não deixe de assistir a ele):  Adrien Brody está maravilhoso, rodeado pelos igualmente incríveis Marcia Gay Harden, Christina Hendricks, Lucy Liu, James Caan, Blythe Danner, Sami Gayle, Christina Hendricks - cada um deles como um diferente aspecto da vida e do ato de viver, em atuações honestas que permanecem conosco muito além de seus arrasadores 5.880 segundos.  

http://onemovieadaywithamelie.blogspot.com.br/2015/07/133-detachment-july-20.html


O Substituto (Detachment)Dirigido por Tony Kaye. Com:  Adrien Brody, Sami 
Gayle, Betty Kaye. Roteiro: Carl Lund. EUA, 2011, 98 min., Dolby Digital, Color (DVD).



PS: A partir dos testemunhos no início desse filme, eu pensei um bocado sobre a minha própria experiência com ensino, que é muito pequena, mas que mesmo assim mudou minha percepção da vida. Durante minha primeira graduação, eu evitei as disciplinas eletivas na área de educação da mesma forma que o diabo foge da cruz. Por que  eu realmente não sei. Não compreendo de onde veio essa aversão naquela época. Assim foi, no entanto, até que eu entrei pela primeira vez numa sala de aula na condição de professora. Essa profissão se tornou, desse movo, um sonho de vida pra mim, um que pode ser tornar um pesadelo em alguns momentos, uma desesperada tentativa de fazer sentido onde há nenhum, e, mais importante, uma forma de olhar para a vida e descobrir o que de fato é importante nela.

PPS: Neil Gaiman sempre consegue ir direto ao ponto:

Para mim, o inferno é o que você carrega consigo,
e não um lugar para onde se vai.


PPPS: Por um momento, eu pensei que o filme do dia seria Anjos da Lei 2 (22 Jump Street), o filme favorito da minha sobrinha neste mês. Nós chegamos a assistir a uns 30 min. deles, até que ela se cansou e buscou outras aventuras, como, por exemplo, invadir meu celular :) 

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